quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

o espaço do peojeto venha a utopia acontecendo, ufra




performance bispo do rosário, performer: quick









peformance

subterrâneo literário




“projeto venha ver a utopia acontecendo”


o “projeto venha ver a utopia acontecendo” acontece dentro da universidade federal rural da amazônia, que fica localizada no bairro da terra firme, a programação é realizada mais especificamente no pátio do prédio do sintufra, o sindicato dos funcionários da universidade.
é tudo feito de forma muito simples, sem apoio financeiro de nenhuma instituição governamental ou não-governamental, toda e qualquer verba que seja preciso gastar antes, durante e depois da programação, é retirada do bolso dos artistas marginais que compõem o coletivo marginália e que não são muitos, mas que conseguem ter o apoio de amigos, mesmo que ele seja apenas de comparecer para assistir ao evento.
todo a aparelhagem que é usada se reduz a uma caixa de som amplificada e um microfone que são usados pelas bandas que se apresentam e que levam seus próprios instrumentos para tocar o seu som.
as bandas geralmente fazem parte do coletivo de alguma forma, ou por está diretamente ligada a sua organização ou por ter algum componente do coletivo envolvido nela. essas bandas são: pianuts, sacco e vanzetti, e bonde andando. logo mais você saberá um pouco melhor sobre cada uma delas.
acontece também a exposição de poesias, fanzines e livros da editora cara duras, além de alguns desenhos e outras artes plásticas que ficam ou sendo vendidas ou apenas expostas para o público participante.
no que diz respeito as artes cênicas, também acontece alguma coisa, performances são realizadas por performes que também estão envolvidos na cena marginal e que levam a discussão do humano e do inconcreto para o mundo do concreto e faz pensar no que vem a ser real. também será melhor esclarecido adiante.
o público geralmente é formado por artistas marginais e por alguns jovens do bairro e de fora que se interessam pela cena e comparecem sempre mesmo que as vezes se torne um tanto quanto disperso, mas quase sempre consegue perceber o que está rolando, fazendo perguntas e tentando entender o que é aquele mundo sem muito sentido da arte.
no entanto, tudo indica que o ano de 2007 foi o primeiro e o último do projeto, pois as pessoas estão dispersas e desinteressadas da arte, pelo menos é o que deixam transparecer, pois não estão produzindo nada e nem mesmo buscando discutir qualquer coisa a esse respeito, tanto nas artes plásticas quanto em qualquer outra coisa e a arte sofre muito com isso, mas os artistas não percebem o quanto isso pode fazer mal ao artista e à arte.






“Coletivo marginália”

o coletivo marginália, como o próprio nome diz, trabalha a arte marginal e surgiu no ano de 2007 como uma releitura do coletivo churume literário, que desenvolvia suas atividades no bairro da terra firme e que por motivos de desgaste físico e mental dos componentes foi desarticulado e aos poucos perdeu o seu sentido de existir, sendo assim, uma tentativa de discutir tudo aquilo que já estava sendo pesquisado e analisado pelas pessoas envolvidas com os acontecimentos do movimento, resolveram criar o coletivo marginália, um movimento mais abrangente e com um conteúdo intelectual bem mais desenvolvido do que estava acontecendo anteriormente.
o churume existiu de 2002 a 2006, tendo como programação principal o “varal de poesias que acontecia na praça denominada pelos churumistas de “augusto dos anjos”, ali se desenvolvia uma programação infantil com as crianças da comunidade que conseguiu se inserir com muita tranqüilidade também na programação da noite, lendo poesias e correndo de um lado para o outro enquanto seus desenhos eram expostos ao público no varal onde mais tarde ficavam as poesias que eram expostas e lidas durante a noite, também tinha bandas de rock, hip hop, carimbó e outros trabalhos desenvolvidos pelos artistas churumistas.
o coletivo marginália desenvolve suas atividades dentro da universidade federal rural da amazônia, pois a violência forçou que fosse assim, pois as ruas lhes foram roubadas pelos bandidos que se utilizam de armas de fogo contra a arma da arte.
mas, isso não fez com que o coletivo perdesse sua característica marginal e periférica, não que a periferia seja essencial, mas ela está sempre presente mesmo quando as atividades ocorrem em outros lugares como o centro da cidade, como acontecia quando o churume se deslocava para lá.
Os marginais não realizaram nenhuma atividade fora da terra firme ainda, mas já chamou a atenção de muita gente que já até escreveu a respeito, alguns até chamando pejorativamente de vanguarda, coisa a qual o coletivo nunca se propôs e nunca pretendeu se propor.
O ano de 2008 ainda não tem nada planejado, tudo vai depender de como vai ser utilizado o tempo daqueles envolvidos no projeto venha ver a utopia acontecendo.



“bispo do rosário”
performance


performances, durante a realização do projeto venha ver a utopia acontecendo, o coletivo marginália também apresentou algumas performances que conseguiram chamar bastante a atenção do público pela forma como foram desenvolvidas e elaboradas e também pelo fato de não ser algo comum aos olhos da maioria presente.
as performances tiveram como tema central o ser humano e suas relações sociais, buscando discutir sempre de que forma o humano se mistura com o humano e como ele ver o meio em que está inserido na tentativa de desenvolver sua sobrevivência buscando sempre discutir a podridão comum a tudo e a todos, principalmente no que diz respeito a liberdade e ao respeito a esse direito que é de cada um e concretizado de forma diferente, tendo sempre em vista a maneira como as coisas e as pessoas se comportam diante de sua própria inexistência enquanto ser inteligente.
a primeira performance realizada foi “utopia”, que trabalhou com a carniça como símbolo da podridão humana, o ser humano que a tudo renega, mas que esquece de perceber que está podre em vida.
depois, bispo do rosário estava subentendido numa reviravolta entre o homem e o lixo, deixando claro que o ser humano nada mais é do que todo o lixo que produz, na próxima, a descoberta da humanização e da falta de perspectiva do humano foi discutida no monólogo “apatia”, que apontava o dedo para a cara do ser humano enquanto culpado de sua própria falta de vontade de existir, em outra, a tecnologia era o alvo, a relação que o homem do século XXI vem tendo com muito mais intensidade com a maquina do que com o ser humano, um trabalho denominado “amormorto”, muitas outras estão por acontecer.
o coletivo se utiliza da performance como uma forma de expressar aquilo que está entalado na garganta, tentando não se sufocar, mas jogando sobre si um olhar realista que deixa sem mascaras, ou quase, todos aqueles que nela se envolvem, seja como criador ou como espectador, uma forma de questionar o que significa essa humanidade e qual sentido existe em sua podre e ridícula existência.




“o bonde andando e os seus peixes voadores”
Projeto de Ação em espaço público do Corredor Polonês Atelier Cultural


o bonde Andando é um projeto de pesquisa independente que reúne elementos das artes plásticas, do teatro, da poesia, da música, da literatura e do cancioneiro popular tornando possível a junção de diferentes segmentos artísticos numa mesma ação interventiva nesta cidade.
os detritos, os dejetos e todo tipo de poluição (residual, sonora ou visual) tem sido a principal matéria prima para o trabalho do bonde andando, que , através de uma ecologia urbana, produz instrumentos musicais artesanais, de onde nascem canções que falam das situações do cotidiano, das impressões sobre o dia-a-dia, do olhar da gente sobre o outro e sobre o mundo. Sensibilizando para o potencial transformador do fazer artístico.
os instrumentos utilizados pelos músicos que participam deste projeto resultam de uma pesquisa artística que tem como fundamento a ecologia urbana.
através desta ecologia, a plasticidade dos objetos transfigura-se em sons e ruídos criadores de uma linguagem híbrida e caótica.
os dados imateriais de pesquisa que compõem os roteiros apresentados pelo projeto partem das memórias da cidade de Belém encontradas na arquitetura decadente dos antigos casarões, na oralidade dos habitantes, fotografias e periódicos.
os roteiros deste projeto vão sendo escritos em cada gesto, em cada canto, em cada rosto, então, são criadas paisagens sonoras que nos permitem perceber a musicalidade do tempo, atravessando o espaço urbano em constante mutação de sons e imagens, que se misturam nas ruas do segundo distrito de belém, hoje conhecido como bairro da campina.
o bonde andando é um conjunto de ações públicas e ecológicas. estas ações são aglutinadoras destes elementos urbanos, onde o corpo enquanto suporte plástico, dialoga com o poema, com os instrumentos, com os objetos, com os personagens, as suas máscaras, os seus cenários e as suas paisagens.
(bonde andando)





“O artista marginal”

a rua é o principal espaço do artista marginal, é o lugar onde ele rir e chora, ou chora mais do que rir, tem seus amores e suas dores registradas nas calçadas da cidade como se tudo fosse apenas o fim e nunca o começo, o namoro com a lua é interminável, até o último gole de vinho que sempre acaba sendo roubado da garrafa com muito esforço devido a embriaguez que favorece o delírio com a realidade que cria, como se sempre tivesse um escondido desejo de ser igual a todo mundo e tenda, estuda, pesquisa, namora, casa, sofre e separa por não suportar a solidão imposta pela companhia do amor que ele tanto desejava.
poderia aqui conceituar cientificamente o que vem a ser marginal, mas acho desnecessário dizer que é aquele que não aceita os ditames da sociedade e por conseqüência não é aceito por ela, não é um bandido, mas um alguém excluído da igualdade da sociedade que sufoca qualquer um que não obedeça suas regras.
artista é aquele que consegue ter um olhar diferenciado sobre a realidade, que olha a vida como se ela fosse acabar a qualquer momento e respira tinta e papel como se fossem os únicos instrumentos possíveis a existência da humanidade.
o artista é aquele que olha para o mundo e não consegue se achar nele, que pensa no todo como algo que não lhe pertence e quando pensa em si se encontra como um alguém não-pertencente a qualquer coisa apontada como “normal”, sente uma melancolia que não assume para os outros para que não consigam querer burlar a sua força de vontade de não ter vontade algo para ter força de resistir as coisas do mundo e das garrafas.
a artista é uma mulher que não ver as coisas do mesmo ângulo que outras, as vontades são as mesmas, mas a forma de reagir não cai no mesmo padrão que a todos pertence, faz com que os homens fiquem sem entender e dificilmente conseguem se envolver com quem não está no meio, não brinca de viver, mas geralmente vive brincando com a vida, se diferenciam dos homens em muito pouco, tem na garrafa de vinho a sua mais fiel amiga e sempre diz sim ao que lhe dá prazer.
o artista é um homem que sempre está perdido e encontra muita facilidade de fuga em pessoas que nada têm a ver com o meio, ele ama a liberdade tanto quanto a mulher, mas tem medo de se perder no olhar que ele mesmo possui sobre o mundo, isso muito mais do que ela, mas talvez as diferenças sejam mínimas demais para conseguir listar, mas sempre muito importantes.
mas, não importa se homem ou mulher o artista marginal vive a margem até mesmo de sua arte e brigando sempre contra quem é de verdade para fingir que se importa com a aceitação ou não das outras pessoas.





“poesias”


kebra cabeça o tórax e a raiz


a minha caixa craniana se rompeu como um
velho baú, escondido por bucaneiros. longe da
vista de tua normalidade.
e brotaram do fundo deste baú
imensas pérolas. que reluzem como o sol, que
brotam do horizonte com seu grande feixe de luz
amarela e sua teia de luz se entrelaça as minhas
idéias fazendo germinar grandes cogumelos do
sol. se expandindo por todos os cantos desta torre
de mais belo canto. do alto desta torre se pode ver
ao longe, longe da vista daqueles que enxergam
com espanto e dúvida o brilho abstrato das minhas
atitudes.
do alto das minhas atitudes, eu disparo um feixe
de idéias que rompem a barreira do som
deixando no passado idéias gastas, dessa parede
cheia de musgo verde de uma civilização de
sombra com sua megalópoles de concreto armado.
idéias corrosivas que se encontram encrostadas
no teu último leito. o último brotar do fundo desta
negra masmorra. masmorra de escravidão e
servidão ao grande Deus da ética e conduta moral
das sombras. sombras estas que circulam pelas
grandes cidades hospícios em um único gesto, eu
percebo um grande abismo de incompreensão que
te cerca e te persegue como um cão treinado para
te vigiar.
para o grande deleite dos fantasmas da
democracia disfarçada de sombra.
(quick)








a arte marginal


a arte que está de fora da mídia oficial está nas ruas e faz com que incomode uma quantidade de pessoas que não consegue perceber que a arte está em todos os lugares independente da condição financeira que possuem, pois a arte marginal se utiliza de tudo, da rua, do lixo, da realidade que circula na vida das pessoas que pretendem dizer aquilo que querem de qualquer forma, seja através da música, da performance, do grafite ou de qualquer outra manifestação artística que possa ser relevante ao que está engatado em suas gargantas para poder desabafar e contestar seu espaço de forma coerente e sem se utilizar de nenhum tipo de violência física.
a arte marginal impregna na pele, vira vício e quando se tenta tirar não se consegue, porque faz parte do viver e está no ar que respiramos como uma droga inebriante....
a arte marginal é o cotidiano de quem a produz e por isso está muito mais impregnado na alma do artista...
e subterrâneo literário é uma revista que se propõe a discutir essa e qualquer outra manifestação artística.



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